quarta-feira, 30 de março de 2011

Maluco Beleza

Bem, atendendo a um número gigantesco de pedidos, mais precisamente 1, da minha excelentíssima namorada-quase esposa, Luiza de Marco, volto a escrever neste blog. Pelo menos foi um pedido especial, de uma pessoa com grande importância para mim. E com ela eu tento ser tipo Capitão Nascimento, "missão dada é missão cumprida"!
Ela já estava até começando a gozar da minha cara, dizendo que o nome do blog tinha que mudar de "na caída do sol" para "na caída do esquecimento"! Tá bem, vou aceitar na boa essa flauta!
Bem, desde o último post milhares de acontecimentos sacudiram o mundo. Literalmente. O japão chora a morte de mais de 20000 pessoas após terremotos e tsunami. Sem contar a poluição radioativa que avança sobre todo o país, causando preocupação mundial. Na Líbia um ditador se acha mais poderoso que Deus, ou seja lá como é chamado o ser superior por lá. Mas com certeza Gadafi ou Kadafi, como queiram, não é o seu nome. Por aqui, ontem ocorreu a morte de José Alencar. Sim, ele é mortal, como todos nós. Mas com certeza ele guardava um pedacinho da Pedra Filosofal com ele. Se existe um Santo que abençoava ele com certeza era a Nossa Senhora do Chuveiro Elétrico, pois sobrava resistência pra ele! Nossa...piadinha infame essa.
Bem, mas hoje quero falar sobre outra situação. Falar sobre um assunto muito instigante, falar sobre a mente humana! A la pucha! Fui fundo nessa! Mente humana? De onde surge essa idéia? Explico. estou no 9º semestre da Faculdade de Medicina da UFPel e nesse período fazemos um estágio no Hospital Espírita de Pelotas, o famoso HEP. Três vezes por semana temos atividades naquele local. E entre essas atividades estão inclusas conversas com os pacientes lá internados.
Confesso que de início essa idéia me pareceu bem sem graça. Não tive muito prazer em saber dessas atividades. Mas após o primeiro "tour" pelo Hospital e após os primeiros contatos, visuais e físicos, com os pacientes comecei a me interessar pelos períodos no HEP. E explico o porque.
Todos nós nos achamos muito normais, muito lúcidos, pois temos consciência, conhecemos as coisas do mundo, sabemos como as coisas funcionam, afinal, nós vivemos a realidade. Não fazemos parte de nenhum filme de James Cameron. E aqueles que estão lá internados são loucos porque acreditam em fantasias, em animais que não existem, em histórias que jamais poderiam ser verdades. Mas aí vem uma surpresa. Tudo isso que nós rotulamos como loucura, para uma mente com alguma patologia é a mais pura e verdadeira realidade. Aquele bicho que ele sente caminhar pelo corpo gera a mesma reação que tu sentes quando há um mosquito em sua perna, por exemplo. É real pra ti, não é? Pra ele também.
E conforme nós vamos estudando as doenças mentais, conhecendo seus sintomas, conversando com os pacientes, vamos também passando a entender um pouquinho mais sobre a mente humana e aí descobrimos que não sabemos nada sobre a mente humana. Paradoxal? Bastante, mas é assim mesmo.
Já convivi com pessoas bem depressivas, tive um caso bem próximo, muito próximo a mim e talvez eu nunca tenha sabido compreender verdadeiramente essas pessoas. Por mais que gostasse delas, por mais que as amasse, nunca as entendi verdadeiramente. Mas hoje compreendo que talvez eu tenha sido sempre um pouquinho mente fechada para elas.
De todas as lições que tenho aprendido lá no HEP  a mais importante é a de que as pessoas ditas malucas são as que mais podem nos ensinar sobre lucidez!
Sexta eu volto lá. Tomara que aprenda ainda mais um pouquinho!
Até!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Vergonha

Bem, depois dos vários dias de ausência neste blog volto a postar algumas palavras. Nesse tempo eu voltei às aulas, vi algumas vitórias Xavantes, viajei até a longínqua São Luiz Gonzaga para passar o Carnaval ao lado da minha baixinha amada.
Mas hoje vou falar sobre uma coisa engraçada, porém um tanto quanto constrangedora que ocorreu ontem, no meu primeiro dia de Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia. Eram 8 horas da manhã. Eu estava levemente ansioso, já há algum tempo não realizava uma consulta completa.O pensamento crítico fica um pouco atrofiado após alguns meses de férias! E ainda havia um agravante, eu tinha chegado na quarta de madrugada após uma viagem de ônibus de 11 horas, ou seja, o cansaço ainda era um companheiro fiel do meu corpo. Pois bem, chamei a paciente pro Box onde eu atenderia e iniciei a consulta. Tudo correndo muito bem! Era uma gestante com quase 35 semanas de gestação sem nenhuma intercorrência e que estava realizando o Pré-Natal de forma adequada. Consulta tranquila. Pelo menos era o que eu esperava, né!
Mal sabia que logo mais quem seria o portador de alguma patologia seria eu. Sofreria bastante com a muito famosa, porém pouco estudada, Ostrich Syndrome, que nada mais é do que um jeito afrescalhado de denominar a Síndrome de Avestruz, que consiste numa repentina e enlouquecedora vontade de enfiar a cabeça no primeiro buraco que encontrar. Nos casos mais graves o próprio indivíduo acaba tendo vontade de cavar um enoooooorme buraco. Infelizmente esse foi meu caso.
Depois de uma anamnese boa, com informações bem importantes sendo colhidas, parti pro Exame Físico, que, entre outros inúmeros procedimentos, inclui a medição dos BCFs, os Batimentos Cardíacos Fetais. Para  realizá-la, usa-se normalmente um aparelho denominado "Sonar", que, para sensibilizar seu uso, torna necessário o uso de um gel, assim como na Ecografia. Pois bem, o gel em questão estava armazenado em um recipiente bem semelhante a esses tubos de maionese das lancherias. Lá estava eu, já bem tranquilo após quase uma hora de conversa com a paciente, preparado para aplicar o gel em sua barriga. Pois bem, foi o que fiz...apertei o tubo e nessa hora a tragédia aconteceu: a tampa como se fosse um foguete da NASA ejetou-se e voou gel para tudo que é lado...na roupa da paciente, na maca, no lençol, no chão, mas pelo menos caiu também na barriga dela! Instantaneamente a Ostrich Syndrome tomou conta de mim, mas ao mesmo tempo a delicada gestante olhou pra mim, começou a gargalhar e dizer que não tinha problema algum aquilo ter acontecido.Ufa! Foi um alívio, embora não tenha sido a cura da minha patologia, mas pelo menos deu uma aliviada no sofrimento. A cura definitiva veio após o fim do exame e da consulta quando pedi a ela que marcasse o seu retorno e ela perguntou se poderia ser novamente comigo! A relação médico-paciente estava humoristicamente conquistada!

Vida de estudante de Medicina tem dessas coisas...sempre tem uma história de tragicomédia para contar!
Até!