sexta-feira, 11 de março de 2011

Vergonha

Bem, depois dos vários dias de ausência neste blog volto a postar algumas palavras. Nesse tempo eu voltei às aulas, vi algumas vitórias Xavantes, viajei até a longínqua São Luiz Gonzaga para passar o Carnaval ao lado da minha baixinha amada.
Mas hoje vou falar sobre uma coisa engraçada, porém um tanto quanto constrangedora que ocorreu ontem, no meu primeiro dia de Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia. Eram 8 horas da manhã. Eu estava levemente ansioso, já há algum tempo não realizava uma consulta completa.O pensamento crítico fica um pouco atrofiado após alguns meses de férias! E ainda havia um agravante, eu tinha chegado na quarta de madrugada após uma viagem de ônibus de 11 horas, ou seja, o cansaço ainda era um companheiro fiel do meu corpo. Pois bem, chamei a paciente pro Box onde eu atenderia e iniciei a consulta. Tudo correndo muito bem! Era uma gestante com quase 35 semanas de gestação sem nenhuma intercorrência e que estava realizando o Pré-Natal de forma adequada. Consulta tranquila. Pelo menos era o que eu esperava, né!
Mal sabia que logo mais quem seria o portador de alguma patologia seria eu. Sofreria bastante com a muito famosa, porém pouco estudada, Ostrich Syndrome, que nada mais é do que um jeito afrescalhado de denominar a Síndrome de Avestruz, que consiste numa repentina e enlouquecedora vontade de enfiar a cabeça no primeiro buraco que encontrar. Nos casos mais graves o próprio indivíduo acaba tendo vontade de cavar um enoooooorme buraco. Infelizmente esse foi meu caso.
Depois de uma anamnese boa, com informações bem importantes sendo colhidas, parti pro Exame Físico, que, entre outros inúmeros procedimentos, inclui a medição dos BCFs, os Batimentos Cardíacos Fetais. Para  realizá-la, usa-se normalmente um aparelho denominado "Sonar", que, para sensibilizar seu uso, torna necessário o uso de um gel, assim como na Ecografia. Pois bem, o gel em questão estava armazenado em um recipiente bem semelhante a esses tubos de maionese das lancherias. Lá estava eu, já bem tranquilo após quase uma hora de conversa com a paciente, preparado para aplicar o gel em sua barriga. Pois bem, foi o que fiz...apertei o tubo e nessa hora a tragédia aconteceu: a tampa como se fosse um foguete da NASA ejetou-se e voou gel para tudo que é lado...na roupa da paciente, na maca, no lençol, no chão, mas pelo menos caiu também na barriga dela! Instantaneamente a Ostrich Syndrome tomou conta de mim, mas ao mesmo tempo a delicada gestante olhou pra mim, começou a gargalhar e dizer que não tinha problema algum aquilo ter acontecido.Ufa! Foi um alívio, embora não tenha sido a cura da minha patologia, mas pelo menos deu uma aliviada no sofrimento. A cura definitiva veio após o fim do exame e da consulta quando pedi a ela que marcasse o seu retorno e ela perguntou se poderia ser novamente comigo! A relação médico-paciente estava humoristicamente conquistada!

Vida de estudante de Medicina tem dessas coisas...sempre tem uma história de tragicomédia para contar!
Até!

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