terça-feira, 14 de junho de 2011

Não lembro exatamente quem falou isso, mas alguém já disse que amores impossíveis são perfeitos. Já que os limites da realidade não precisam ser respeitados, a idealização é muito frequente. Com os sonhos que temos muitas vezes ocorre algo parecido. Tudo é belo, tudo é perfeito, tudo acontece da maneira que queremos. Mas na hora que eles passam a ser uma verdade eles acabam transformando-se, adquirindo contornos bem nítidos e precisos, um pouco diferente do que imaginamos.

Dentro de algumas semanas uma nova turma de Medicina da UFPel vai se formar. Olhando o convite encontro ali alguns rostos bem conhecidos, algumas pessoas que me ajudaram a desenvolver um amor gigantesco pela Leiga, pois elas carregavam esse sentimento em seus olhos, em seus corações. E essas pessoas estão cruzando, neste momento, essa linha entre o sonho e a realidade.

Alunos de Medicina são um "povo" à parte do mundo. Tem características próprias, que os diferenciam do resto da humanidade. E uma delas é a imensa capacidade de sonhar. Mesmo em uma turma grande, são poucos os que escolheram a Medicina pela "razão". A maioria está ali pela "emoção"! Uns desde a infância, outros a partir da adolescência, mas todos, bem antes de sonhar com o nome no listão, já sonhavam em salvar vidas. Olhavam seriados médicos não pelo enredo da série, mas por imaginarem-se naqueles jalecos brancos, com estetoscópios pendurados no pescoço, realizando uma ressuscitação cardio-pulmonar. Mas durante o curso descobrimos que nada é exatamente igual ao nosso sonho. Nem sempre as coisas funcionam como a gente um dia desejou. E os pacientes que a gente sempre imaginou salvar um dia acabam morrendo em nossas mãos.

E é assim com diversas outras coisas. Conforme vamos nos aproximando do fim da Faculdade vamos percebendo que a Medicina não é simples como a gente gostaria que fosse. Existem conflitos, existem interesses que fazem com que a arte de ser Médico não seja uma simples luta pela saúde de nossos pacientes. Encontramos dificuldade de acesso à exames, medicamentos, atenção adequada àqueles que procuram o Médico. E aí a realidade algumas vezes se mostra até mesmo cruel. Infelizmente não são raros os casos em que sabemos que, por forças externas, não estamos fornecendo ao paciente tudo que ele tem direito.

Há poucos dias tirei as fotos pra minha Formatura. E não foram poucas as vezes que me peguei pensando que o tempo passou rápido demais. Pouco tempo atrás a Medicina era só um sonho, logo será a minha profissão, embora continue sendo um eterno sonho. Jamais deixaremos de sonhar com melhores serviços, atendimentos mais humanos, saúde como prioridade. É e sempre será da nossa essência sonhar.



Mas a realidade não é sempre ruim não. Nem é sempre pior que nossos sonhos. Algumas vezes nos surpreendemos com ela. É muito bom conseguir fechar sozinho um diagnóstico, conseguir determinar com certeza o melhor tratamento, definir quais as orientações que devem ser dadas a um paciente. E aí olha-se pra trás e vê que valeu muito a pena aqueles litros de cafés tomados nas madrugadas de estudo. Valeu a pena acordar no domingo de manhã pra reler aquele artigo recém lançado. Valeu a pena sonhar.

Ver uma turma de amigos se formando, tirar as fotos da própria formatura. Tudo vai levando a crer que a realidade já mostrou sua cara, já chegou pra ficar. Pois que seja bem-vinda, mas jamais esqueça que os sonhos sempre terão lugar especial no coração de quem vive a Medicina!



Era isso!
Abraços a todos!
Marcos Monteiro

domingo, 12 de junho de 2011

12 de junho, dia dos namorados. Não sei quem teve a brilhante idéia de trnar esta data tão especial, mas certamente foi uma pessoa iluminada.

Para casais que recém conhceram-se tudo é novidade, tudo é alegria. O primeiro dia dos namorados juntos é uma festa e sempre no fim daquele cartão apaixonado vem o sincero desejo de que seja o primeiro de muitos.

Para aqueles que já estão juntos há muitas décadas o dia dos namorados muitas vezes é uma forma de relembrar velhos e bons momentos, olhar pra trás e ver que valeu muito a pena ter escolhido uma pessoa especial para ter ao lado por anos e anos.

Esse é o meu 3º dia dos namorados ao lado da Luiza. Infelizmente estamos separados por centenas e centenas de kilometros. Mas isso não impede que paasemos lembrando, sentindo saudade, sentindo falta um do outro.


Embora estejamos juntos há apenas pouco mais de 28 meses, já temos um bom número de histórias, momentos, emoções juntos. E como é bom olhar pra trás e ver que fui presenteado com a oportunidade de encontrar uma pessoa muito especial, capaz de tornar meus dias muito mais belos simplesmente por estar neles.

Vivemos em uma sociedade que a cada dia torna-se mais dinêmica, mais rápida, mudando constantemente. E é fácil observar que a relação entre as pessoas está mudando também. Encontrar alguém que valorize de verdade a família, e tudo que a envolve, já não é tão simples.

Olho pra Luiza e vejo nela, além de uma super mulher, uma futura incrível mãe, muito cuidadosa, muito zelosa, capaz de educar os filhos tendo por base muitos dos princípios que nossa fé Cristã nos fornece.

Dividir com ela um grande amor a Deus ,e faz ter ainda mais certeza de que seremos um casal eternamente abençoado. As vezes ela, as vezes eu, acabamos reclamando, lamentando que nossa vida ainda não é exatamente do jeito que queremos. Mas lá no fundo temos a certeza de que o Cara lá de cima tá sempre de olho na gente e segue nos dando saúde e energia para seguirmos a luta pela felicidade e pela realização de todos nossos desejos.

Mas confesso que o maior desejo eu já realizei. Conquistar o amor da Luiza me faz mais forte, mais corajoso, mais capaz de ir em busca de outros sonhos, pois é com ela que divido cada dia, cada alegria, cada tristeza, cada anseio. É com ela que divido minha vida. E é ela que faz minha vida ter ainda mai sentido.

Amor, feliz dia dos namorados e obrigado por me fazer o namorado mais feliz todos os dias!

Era isso!
Até mais!

Marcos Monteiro

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Imagine uma situação...Você deseja por muito tempo, por alguns anos uma determinada coisa, mas deseja do fundo do coração mesmo, com força, com vontade. Aquele passa a ser um dos maiores objetivos de sua vida. Mas um dia você percebe que embora você queira muito e embora ele ainda possa ser alcançado, existem outras coisas que podem te fazer muito feliz e podem também ter um significado parecido, embora nunca igual.
Com certeza cada pessoa imaginou uma coisa diferente. Uns imaginarm suas belas casas, outros seus belos carros. E eu o que imaginei? Meu casamento. Ouvir a Marcha, olhar pra Luiza e vê-la desfilando seu belo e formoso vestido branco pelo corredor da Igreja. Sentir minhas pernas trêmulas, meu corpo arrepiado de nrvosismo. Saber que estava ali concretizando um sonho muito grande.
Infelizmente isso ainda não é possível. Nossas "batalhas" profissionais ainda nos impedem de termos a vida e o casamento que sonhamos. Mas ele um dia ocorrerá! E será belo, será lindo, será repleto de amor. Mas enquanto ele não chega nós vamos sendo felizes por outras coisas, por outros acontecimentos.
Sábado passado, dia 04 de junho, completamos 28 meses de namoro. Ambos jamais tínhamos namorado outras pessoas por tanto tempo. Ambos não querem  mais namorar outra pessoa. Para marcar esse momento, e também porque não nos veremos no dia 12, dia dos namorados, decidimos que era um belo momento para que alianças fossem trocadas. As douradas, do noivado? Não...ainda não! Esse sonho ainda vai se relizar, mas ele vai ser muito melhor aproveitado quando já tivermos a data do nosso casamento, assim como as condições necessárias de fazê-lo do jeito que sempre quisemos.
Desde o dia 4 ostentamos alianças prateadas nos dedos anulares da mão direita. Antes disso eu nunca fiz muita questão de usá-las, mas olho pra trás e vejo que já escrevemos uma história tão bela, tão intensa, que me faz querer que o mundo inteiro saiba que essa relação já rendeu lindos frutos, verdadeiros sorrisos, inesquecíveis momentos. Usar uma aliança não é mera formalidade...naquele pequeno aro metálico estão representadas 2 vidas que se interluigaram para formar uma só, muito mais forte, muito maior.
Hoje nossa aliança ainda é prateada. Um dia ela será dourada, simbolizando nosso noivado e nosso muito breve casamento. Mas mesmo que o sonho ainda não esteja totalmente realizado, ele está muito próximo...logo ali, naquela Igreja, naquele vestido, naquele sincero "SIM", naquela vida que construíremos juntos!!!









Era isso!
Até mais!
Marcos Monteiro!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Keep Walkin Johnnie Walker

Bom, pode até não parecer, mas o blog segue vivo,... na verdade a gente fica um cutucando o outro e no final nenhum posta nada! O último post foi do Marcos,... ele pediu pra eu postar minha versão sobre o X, mas os dias vão passando e a gente acaba deixando passar,...

De lá pra cá já passaram tantas coisas que poderiam ser contadas aqui... mas a correria é sempre grande! O Marcos na finaleira do semestre, Décimo, provas, fotos e funções de formatura! Eu trabalhando em São Luiz, morando longe, tentando gerenciar o caos e estudar um pouquinho (o que confesso, não tenho feito como deveria!).

Além da jornada da semana, com 530km de distância, cada ida a Pelotas é um correria,... saudade enorme pra matar: do namorado, dos amigos, da família,... muitas coisas pra fazer, mtos lugares pra ir e o tempo é sempre insuficiente, ficando o computador no final da lista....

Bom, voltando ao Décimo...  não sei se alguém é capaz de viver a festa do X com tanta intensidade como os alunos do décimo; o que, aliás, é óbvio, explicável e lógico. Na verdade quem, como eu, já passou pela fase de formatura pode ter uma boa idéia do sentimento que rola por lá. A medicina é engraçada, pq eles vivem tudo isso um ano e meio antes e, sem sombra de dúvidas, com muita intensidade... e assistir tudo isso de camarote é uma sensação estranha,... se por um lado é mto bacana presenciar essa euforia pré-formatura, por outro lado bate uma melancolia grande em reviver os momentos da minha,...

É mto legal ver a alegria/euforia/loucura total do pessoal passando por cada etapa, mas tbm bate uma mega saudade dos colegas, da faculdade, das festas, dos amigos e, principalmente, da vida de estudante. A gente passa contando os dias pra terminar a faculdade e o resto da vida sentindo saudade dela. Se bem que quem viu a cara de decepção do pessoal qdo ligaram as luzes no final da festa deve ter tido a mesma impressão minha de que eles já estão com saudades desde agora.

Mas não foi só nostalgia, ao contrário! O Décimo teve cenas impagáveis! Algumas coisas fazem a gente entender a paixão que esse bando de malucos tem pela Leiga,... outras fazem o fato de que, em pouco tempo, vamos estar sentados nos consultórios desses doidos, parecer assustador! Mas enfim,... a festa tava MARA,... mta gente, mtos quadrinhos e mta risada!

Mas por hoje chega que o sono tá grande

Kisses at all

Luiza

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Foi pouco tempo, mas valeu!

Sim, acabou. O Décimo Sem Limites chegou ao fim. Eram seis horas da manhã de domingo, as pernas acusavam o cansaço, parecia que haviam sido completadas 7 maratonas sem parar, mas mesmo assim não queríamos acreditar que as luzes estavam acesas e que a festa estava chegando ao fim. Como pode ter passado tão rápido? Como pode já ter acabado?
Foi uma noite mágica, incrível, emocionante. Sim, emocionante. Vivemos ali todas as emoções possíveis...da euforia de professar a plenos pulmões nosso amor à Leiga até a tristeza de ver que, infelizmente, a noite teria fim. Horas que passaram muito rápido, mas que deixaram vivas na memória a certeza de que o Décimo Sem Limites foi um dos maiores espetáculos que essa cidade já viu.
Tudo começou muito cedo. Eram pouco mais de 6 horas quando tomamos conta dos Pavilhões da Fenadoce e ali, ao nos depararmos com todo o "circo" preparado pra festa, tivemos a certeza de que ia ser uma das melhores noites de nossa vida. E com certeza foi. Conforme o pessoal da turma foi chegando a emoção foi crescendo. Cada um vinha com um sorriso mais aberto, um abraço mais apertado, um coro mais animado. Tudo era festa, tudo foi festa.
Cada um de nós olhava pro lado e via ali pessoas que são muito importantes em sua vida, por um motivo ou por outro. Poder celebrar esse momento ao lado de amigos, professores, mestres, foi uma alegria indescritível. Aquele bando de loucos, vestidos de preto, com um x azul na camiseta eram dezenas de crianças loucas pra brincarem, pra serem felizes. E foram, como foram. Aproveitamos aquele que era o nosso momento. Cantamos, gritamos, choramos, berramos, nos alegramos. 
Olhando pras fotos agora é possível encontrar pessoas muito animadas, muito felizes. Podemos rever ali rostos que são muito familiares. Rever ali rostos que vemos diariamente desde 9 de abril de 2007. Rever ali rostos que nos lembram diversos momentos dentro da Faculdade. Rever ali alguns dos mais importantes momentos de nossas vidas!
Rever também que toda a correria de divulgações e pré-décimos, todas as discussões e confusões, enfim, tudo o que se fez desde o início do semestre teve um grande e enorme resultado. Toda a turma participou, com certeza. Cada um teve sua parcela de importância no sucesso que foi essa festa, embora ainda não tenhamos valores de arrecadação, sabemos que foi uma festa muito bem comentada e com grande e positiva repercussão. Mas cabe aqui também um agradecimento público a Comissão Do Décimo, um grupo de pessoas que deu a cara pra bater e assumiu a enorme responsabilidade de organizar, junto com a galera do Moa, esse megaevento que foi o Décimo Sem Limites. Em diversos momentos houve divergência, até mesmo ríspidos e calorosos debates, mas sempre foi na tentativa de fazer o melhor possível, para todos! E isso com certeza foi conseguido!
Chegou o fim do Décimo, mas não chegou o fim da Med Sem Limites. Muito pelo contrário. Depois de um semestre de muita algazarra, festa e alguns desentendimentos, estamos bem próximos de começar nossos períodos de estágios com uma grande certeza: a de que essa turma fez e continuará fazendo história na Leiga! Que venham nossos estágios. Que venha nossa formatura. Que venha nossa vida 'lá fora". Sempre com a certeza de que somos e sempre seremos a ATM 2012/2 da UFPel, ou melhor, a Med  Sem Limites da Leiga!

Era isso!
Grande abraço!
Obs: De brinde vão algumas fotinhos do espetacular Décimo Sem Limites!



















terça-feira, 17 de maio de 2011

DÉCIMO SEM LIMITES



Durante as divulgações da Festa do Décimo, dos Pré-Décimos, sempre havia alguém a comentar que "o povo" da Medicina era muito festeiro, muito baladeiro, tava sempre na rua fazendo algum agito, principalmente na época do Décimo. Mas será que todo mundo sabe o que representa o Décimo? Se tu achas que é apenas uma festa grande e com bebida liberada estás muito enganado. E é para esclarecer algumas situações que esse texto se apresenta!
A Faculdade de Medicina é dividida em 2 períodos bem distintos: no primeiro, todos os alunos assistem as mesmas aulas, com os mesmos professores, fazem as mesmas provas, enfim, diariamente todos convivem e relacionam-se entre si, dentro de um programa de muitas aulas teóricas e também um pouco de prática em Hospitais e Ambulatórios; em um segundo momento, os alunos são divididos em pequenos grupos e passam a fazer determinados estágios, passando a aproximar-se muito mais da Prática Médica. Todos fazem os mesmos estágios, porém em épocas diferentes. Ou seja, passamos a conviver com as pessoas de nosso grupo diariamente, mas não mais com os outros colegas, sendo que alguns deles fazem estágios em outras cidades e só vamos revê-los poucos dias antes da Formatura.
E o que o Décimo tem a ver com isso? Ele é a ponte entre esses dois períodos. Por isso ele é tão importante pra nós. Por isso desde o dia que nos tornamos alunos da Medicina da UFPel passamos a ouvir histórias, algumas impublicáveis, sobre o Semestre do Décimo. Antigamente, os estágios duravam apenas um ano, e como a Faculdade tinha 12 semestres, o 10º semestre era o último de convivência entre todos os colegas. Para nós, hoje, são 9 semestres de convivência, ou seja, no 9º semestre é que cruzamos essa ponte. Mas como o nome da festa e do semestre já estava consolidado o nome foi mantido.
Nos seus primórdios, quando foi "inventado" o Décimo era uma festa particular, apenas para os alunos e alguns pouquíssimos convidados. Mas sempre foi uma festa que visava a celebração, a alegria, a euforia. Bebida liberada, gente bonita, boa música, tudo isso é garantido no Décimo! Mas o que mais chama a atenção mesmo é a alegria daqueles que fizeram essa festa acontecer. Quem olha de fora não consegue entender muitas vezes como aqueles "loucos" podem gostar tanto de vestir camisetas multicoloridas, gritar em megafones, vender ingressos alucinadamente, fazer churrascos em plena Dom Joaquim. Mas quem olha de fora jamais entenderá a alegria de saber que dentro de um ano e meio seremos Médicos, o que para grande maioria de nós sempre foi um sonho e um motivo de grande batalha.
Mas essa alegria toda também é uma forma de mascararmos uma saudade que já sentimos. Saudade daqueles colegas que não veremos mais todo dia, saudade das intermináveis discussões antes, durante e depois de cada festa, saudade das noites de estudo em grupo regadas a café, mate, energético...Saudade das tardes gritando Truco e Retrucando em cima na mesa do bar, enfim, saudade daquilo que podemos chamar de nossa segunda casa, saudade da velha e querida Leiga, nome original da nossa Faculdade de Medicina que surgiu em "oposição" à Universidade Católica, saudade de tudo que passamos e sentimos ali.
Ainda vamos atender muitos pacientes lá, assistir algumas aulas, mas nada será como antes, não haverá lá a cia de todos, não haverá lá a roda de mate com 30 pessoas, não haverá lá as características que são únicas de cada turma. E não podia ser diferente com a nossa!
MED 100 LIMITES...nome sugestivo e que surgiu por conta de um trote...nos deram a informação que nós seríamos a 100º turma de Medicina da UFPel. Nós, como todos bixos, fomos inocentes e acreditamos. Daí em diante vários nomes pra turma foram surgindo usando o 100 como parte fundamental. Apareceu Med 100 Juízo, Med 100 Vergonha...enfim, vários nomes, mas o que mais agradou foi o MED 100 LIMITES. Poucos dias depois descobrimos que não éramos a 100ª turma, mas aí o nome já estava estabelecido e também não seria mudado. Nossas festas fizeram sucesso na Boate da Leiga. Pela primeira vez a casa recebeu uma lotação máxima, tivemos que barrar gente na porta, pois já não cabia um pequeno alfinete na nossa primeira festa. Um claro sinal do sucesso que nossas festas fariam dali pra frente. Quando lançamos o absinto como ingrediente principal delas foi um sucesso. Pela primeira vez vi pessoas aglomerarem-se na tentativa de ganharem uma seringa. Uma loucura só...seringas de absinto distribuídas gratuitamente. Com certeza quem foi jamais esquecerá! Nossas outras festas todas foram sucesso de público e satisfação.
Somos uma turma bem conhecida dentro da Faculdade. Alguns professores nos amam, outros nos odeiam, mas todos sabem quem somos. E a maioria deles criam uma afeição pela gente muito legal. Somos como aquele filho que até dá incomodação, mas é um filho muito amado e que a mãe sabe que tem um potencial enorme.
O Décimo nos traz todas essas lembranças e muitas outras!
Por isso amamos tanto ele! Por isso nos esforçamos para que tivéssemos um show de nível nacional como Claus e Vanessa, por isso que estamos tentando facilitar a venda de ingressos. Por isso que damos a certeza de Devassa bem gelada a noite inteira. É justamente porque amamos a Medicina, amamos a Leiga, amamos o Décimo. Por isso tentamos fazer dele uma festa inesquecível, uma festa onde a noite não tenha fim mesmo, onde a noite não saia da memória, nem da nossa, nem da daqueles que forem lá curtir esse festão que estamos preparando com o maior prazer pra dividir nossa alegria com todo mundo! Queremos que todos entrem no clima da MED 100 LIMITES. E que todos possam curtir e ser feliz...não só dia 21 de maio, mas também no dia 22, dia 23, dia 24, enfim, sejam felizes a vida inteira!


Bom DÉCIMO SEM LIMITES à todos!
Abraços






Marcos Monteiro!

A educação nossa de cada dia!


Tem sido bastante comentado nesses últimos dias o livro de língua portuguesa indicado pelo MEC e distribuído a meio milhão de alunos, o qual prevê o final do conceito de certo e errado! É a tal gramática moderna!
Confesso que essa ideia me assusta bastante. Querer  afirmar que falar “OS livro” é correto, ainda que não adequado para todas as situações, é querer, entre outras coisas, atestar o fracasso do nosso sistema de ensino e a incapacidade de nossos alunos de aprender a fazer coisas simples como concordar um artigo com um objeto!
Mas isso não é o pior, foi-se muito além,... Passada a orientação inicial e referendada sua correção (embora nem sempre adequada – ao menos isso), o livro refere que é possível que o aluno ao falar “os livro” seja alvo de preconceito linguístico! Meu Deus! Rasquem as gramáticas! Queimem os dicionários! Como assim preconceito linguístico?????  É uma completa e absurda inversão de valores! E para quem está pensando “ah, que bobagem isso de preconceito linguístico”,  conto a vocês que hoje moro em uma cidade na qual não raro escuto alguém falar “então tá, se falemo!”, assim como já ouvi comentários do tipo “vocês que falam tu queres”,....
Antes fosse esse nosso pior problema na educação. O que são nossas escolas? Prédios depredados, professores descrentes de seu próprio trabalho, merenda insalubre, alunos desinteressados,... Plantando essa educação vamos colher o que no futuro?
O Brasil anda na contra mão! Enquanto países crescem dia a dia investindo em uma educação séria, rígida e de qualidade, nossos alunos não podem ser reprovados para não serem ofendidos, nossos presos não podem receber algemas, sob pena de ferir sua honra, e achamos normal um ministro multiplicar seu patrimônio por 20 em um único mandato...
É engraçado né,  tem algumas coisas que nunca mudam, outras sim! Graças a Deus! Será??

Kisses at all
Luiza

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sob Nova Direção

Então pessoal,... eu sei  que o dom da escrita habita muito mais no Marcos do que em mim maaaaaas esse chato trasformou o nacaidadosol em nacaidadoesquecimento, então cá estou eu (é pode ser que eu tomando conta do campinho ele se sinta estimulado a voltar), para tentar escrever algumas histórias, contar algumas mentiras e relatar alguns casos!

Eu sei que a vida dele anda meio corrida (ts ts ts pobres coitados dos estudantes do nono semestre da medicina,... são realmente mtos compromissos), então enquanto ele tá de greve com o blog eu venho pentelhar por aqui!

Em breve novos posts!

Agora sob nova direção!

Kisses at all

Luiza

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Lembranças de uma Páscoa perfeita!

Segunda-feira pós feriadão de Páscoa. Dia de muito papo sobre tudo o que se fez nesses 3, 4 dias de folga. Uns viajaram, outros apenas dormiram bastante! Uns namoraram, outros aproveitaram para curtir a família.
Bem, eu dividi com mais algumas dezenas de pessoas uma oportunidade maravilhosa...a de passar o feriadão de Páscoa redescobrindo o amor por um cara muito importante em minha vida...Jesus Cristo!
Passei o Feriadão vivenciando o Acamps, que na definição de seu site diz que "O Acampamento é uma Obra da Igreja Católica que, através de uma experiência de vida em meio à natureza, proporciona um encontro profundo consigo mesmo, com o outro e com Deus!São quatro dias muito bem vividos por quem tem coração aberto!"
Bem, pra mim foi muito mais do que isso! Foi a chance de reviver o verdadeiro sentimento da Páscoa! Vivenciar o verdadeiro peso que o "barbudo" carregou nas costas no dia que em foi crucificado. E fez isso por uma Humanidade inteira, defendendo-a, tentando salvá-la de seus pecados. E logo após ressuscitou, mostrando que Ele jamais morreria, pelo menos não no coração e no pensamento daqueles que acreditam em um mundo onde o Amor é o sentimento mais forte e vencedor que existe.
Poder passar vários dias ao lado de pessoas que dividem essa crença é uma oportunidade incrível. Impossível descrever o quanto é bom receber um abraço, uma palavra de conforto, um gesto carinhoso da Lore, do Rosinha, da Marcela, do Carlos, do César, da Nira, enfim, de todos que dividiram aqueles momentos. Melhor ainda passar esses dias tendo a oportunidade de servir novas amizades, pessoas que toparam a oportunidade de conhecerem-se melhor e também de darem-se a chance de viver uma Páscoa de verdade, com muita alegria, muita animação, mas também com a certeza de que existe sim um caminho direto para a Felicidade! Trilhá-lo ou não é opção nossa!
Falamos diariamente sobre futebol, sobre novelas, sobre filmes, sobre sexo, sobre as coisas que estão no nosso dia-a-dia. E por que temos vergonha de falar de Deus? Por que temos vergonha de dizer que o amamos e que na hora que nos sentimos mais sozinhos é a Ele que recorremos em nossas íntimas orações? Por que temos vergonha de deixar de lado nossos afazeres e sermos um pouquinho mais conscientes de nossas responsabilidades com aquilo que realmente nos faz feliz? Adoramos postar no Twitter novidades sobre aquele show que vai ter na cidade, sobre a nova bolsa que compramos, sobre a viagem que acabamos de fazer! E dizer ao mundo inteiro que queremos sim adorar a Deus e suas maravilhas...por que é tão difícil? Por que não o fazemos?
Sim, eu amo Deus. Sim, eu amo muito Jesus Cristo. Sim, minha vida só é minha vida porque eles fazem parte dela. E como é bom encontrar pessoas que vivem da mesma maneira. Pessoas perfeitas? Muito, mas muito longe disso. Mas pessoas que vivem sabendo que existe um caminho muito alegre e feliz e que têm muito orgulho e prazer em poder mostrar isso a quem estiver com o coração aberto a um mundo diferente do que observamos em nosso dia-a-dia!
Para quem acha que a Páscoa é só ovos, chocolate, guloseimas, está muito enganado! Esses são apenas detalhes que nos trazem uma momentânea sensação de prazer, mas que nem se comparam com a intensa e eterna alegria de ter um Cristo bem vivo dentro do peito!
Valew Acamps, valew Lore e Luiza por terem me dado a oportunidade de viver isso uma vez e poder ajudar outras pessoas a viverem essas e outras emoções!
Até!



Para terminar...uma música muito linda e que retrata um pouquinho desse sentimento!



terça-feira, 12 de abril de 2011

Mudanças

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro
(Até quando?  Gabriel, o Pensador)
Bah, não tinha como o assunto do blog ser outro hoje! Passei o fim de semana em uma função enorme de mudança! Depois de mais de um ano morando junto com a Lu, por alguns motivos que não cabem aqui nesse momento, tomamos a decisão de voltarmos aos velhos tempos. Ambos vamos voltar pra casinha de mamãe. Eu aqui em Pelotas, ela em Santa Vitória. Isso não quer dizer que nosso relacionamento está em queda, muito pelo contrário. Isso significa que nossa relação atingiu um grau de maturidade que nos faz não ter medo de mais nada, pois sabemos que, independente da distância que nos separe, nosso amor não para de crescer e de se solidificar. Mas foi um belo tempo morando juntos. Foi mais ou menos um test-drive pro nosso casamento que só deve ocorrer dentro de alguns anos. E com certeza passamos no teste.
Bem, mudanças são fisicamente desgastantes, ainda mais quando moramos no 3º andar de um prédio sem elevador. Mas psicologicamente elas também nos atingem de alguma maneira. Cada peça, cada canto de uma casa guarda uma história, um momento que não conseguimos esquecer. Seja porque ali fomos muito felizes. Ou porque ali choramos alguma tristeza.
Em cada caixa guardamos muito mais coisas do que roupas, livros, porta-retratos, enfim, guardamos junto nossas lembranças. Mas diferente das caixas que muitas vezes ficam estagnadas em um canto, sem serem abertas por muito tempo, as vezes anos, nós saímos de uma situação para encararmos, sem chance de fuga, outra bem diferente.
Depois de alguns meses morando apenas com a namorada, voltar pra a casa dos pais é, com certeza, uma mudança bem significativa. Finda-se um pouco da liberdade. Sair de casa sem ao menos um tchau, um até logo, fica quase impossível. Sem contar a maravilhosa possibilidade de sair do banho e ficar pelado pela casa até escolher a roupa que vai ser utilizada. Adeus para essa maravilha. Aliás, quem nunca teve essa oportunidade não sabe o que está perdendo! Poucos prazeres na vida são tão grandes como ter a liberdade de andar totalmente nu pela casa sem se preocupar se vai dar de cara com  a irmã, a vó, o cunhado, o papagaio, enfim!
Mas ao mesmo tempo também temos facilidades. Comida pronta quando se chega da Faculdade, roupa lavada e dobrada, impertinência da irmã. Sim, isso é bom, eu até sentia falta disso quando morava sozinho, embora ele sempre desse um jeito de me atazanar a paciência, nem que fosse pelo MSN!
Mudanças são complicadas, mas são imprescindíveis na vida de um indivíduo. Desde que nascemos nós mudamos. Aliás, antes mesmo de nascermos. Quer mudança mais intrigante do que deixar de ser 2 coisas, um espermatozóide e um óvulo, e virar uma só,uma linda pessoa? E daí pra frente as mudanças são frequentes. Desde o nascimento, primeiros passos, primeiras palavras, primeira escolinha, primeira leitura, enfim, várias mudanças na nossa forma de encarar o mundo e todas sendo feitas buscando-se uma evolução. Mas conforme a vida vai passando as grandes mudanças vão diminuindo. Vamos sendo um pouco mais robóticos, agindo sem pensar nas diferentes formas de agir. Agindo da forma que sempre agimos. E aí está um grande perigo, a previsibilidade. Tudo em nossa vida fica previsível. A forma como nos vestimos, a forma como reagimos às mais diversas situações, tudo isso fica previsível! E aí a vida perde um pouquinho da graça, pois como é bom deparar-se com uma surpresa, com uma nova cara olhando pra nossa velha cara no espelho.
Disso tudo fica a certeza que mudar é sempre necessário. Não digo fisicamente. Nada impede que uma pessoa more a vida inteira na mesma casa mas esteja em constante renovação. Esse é o ponto. Renovação. Sair daquela zona de conforto que é tão boa, mas que não nos acrescenta nada.
Durante os últimos dias, quando eu falava com as pessoas sobre a minha situação, sobre minha mudança, de deixar de morar sozinho para voltar a morar com os pais, a reação era sempre a mesma. Parecia que diante delas estava alguém que depois de entrar pra Faculdade voltaria a frequentar a 7ª série. E logo eu fazia questão de desmanchar essa impressão. Realmente estamos dando um passo atrás, mas é para que num futuro nem tão distante possamos dar 4, 5,6 passos a frente. Nem sempre é fácil pensar em situações a médio-longo prazo, mas é necessário. Embora a vida seja vivida no presente, o futuro jamais pode ser esquecido.
Até!

terça-feira, 5 de abril de 2011

A poltrona

Um belo dia ele saiu de casa. Decidido. Batendo a porta com toda sua força. Esperando que o barulho dessa pancada ecoasse eternamente na mente dela. E ela ouviria para sempre em sua memória o som da porta batendo, mas sabia que no fundo isso era apenas sua vida voltando ao normal.

Débora e Ricardo sempre foram pessoas muito diferentes. Diferentes em tudo.
Ele era um sujeito daqueles que parecem que nasceram ao som de uma Escola de Samba na Sapucaí. Sempre sorridente. Trazia pra si a atenção de todos. E não precisava de esforço algum pra fazer isso. Era natural. Era naturalmente feliz. Dançava como poucos. Não se afrouxava pra nenhum ritmo. No Forró era Rei; no Samba parecia dançarino profissional; até mesmo Tango ele conseguia bailar como se tivesse tido aulas com os dançarinos de Gardel. E vivia assim ,levando a vida como se fosse uma eterna dança.
Débora era seca, fria. Sempre educada, cordial, porém não falava nada mais que o necessário. Nunca foi vista dando discursos ou aumentando o tom de sua voz. Adorava ler. Sentada em sua poltrona, ora admirava seus quadros, ora lia algum livro, de preferência algo clássico. A música era companheira nessas horas, alternava entre Bach, Beethoven e Mozart. Adorava passar as tardes no fim de semana tocando seu piano. Desde os 4 anos de idade era fluente nessa arte, mas nunca quis exibir-se para ninguém, pois tinha medo que a vergonha do público lhe fizesse desmoronar em poucos segundos. Assim era sua vida e ela a adorava-a.
Mas um dia seus caminhos teimaram em cruzar. Ricardo fazia sua corrida matinal antes de encaminhar-se ao Escritório da Empresa que dirigia e, num momento de desatenção, acabou esbarrando em Débora, que voltava de uma gráfica onde havia mandado fazer seus cartões profissionais. Neles constava a seguinte informação: Dra. Débora Rezende, Cirurgiã Dentista, entre outras informações. Após o choque entre eles seus cartões voaram. Rapidamente, com o auxílio de Ricardo, ela os juntou. Trocaram olhares. Nada mais que isso. O máximo que ela fez foi timidamente agaradecê-lo. Ele tentou começar um diálogo, mas ela já havia virado as costas e seguido seu caminho. Porém com uma dúvida que inquietava seu pensamento. Por que seu coração acelerou tanto no momento que colocou os olhos naquele rapaz tão belo? E por que ele não desacelerava logo? E por que ela não parava de pensar nele? Chegou em casa e logo já saiu novamente em direção ao Consultório. Era um dia cheio, inúmeras consultas marcadas. Atendeu novamente a manhã inteira. Chamou o seu último paciente já pensando onde iria almoçar. Após um breve atendimento liberou-o e preparou-se para sair quando sua secretária a chamou dizendo que um paciente havia chegado aos berros, dizendo que necessitava urgentemente de uma consulta, pois estava com imensa dor. Dra Débora pediu a secretária que o fizesse entrar em seu Consultório então. E nessa hora seu coração voltou a acelerar. Diante de seus olhos novamente estava postado ele, o belo rapaz com quem havia esbarrado mais cedo. Pensou ser apenas uma coincidência. Mas descobriu que não era. Antes que ela começasse seu atendimento ele já a interrompeu e lhe ordenou: tire o jaleco, não estou aqui como paciente e sim como um homem que passou a manhã inteira sem saber como lhe tirar dos meus pensamentos. E como não consegui vim lhe convidar pra almoçarmos juntos.
Ela não sabia o que fazer. Ele era um estranho completo. Um belo estranho. Mas ainda assim um estranho. Porém, sem saber porque, simplesmente respondeu-lhe que sim, que apenas ia pegar sua bolsa e iriam. Mas deixou claro que iam almoçar onde ela escolhesse e iriam a pé. Já achava muito estranho ter aceitado sem nem pensar. Mas expôr-se ao risco de um sequestro ou algo parecido não era algo que Débora faria.
Almoçaram juntos, conversaram muito, apresentaram-se. O tempo voou e logo ambos precisavam voltar, já atrasados, aos seus afazeres profissionais. Mas não sem antes marcar um próximo encontro.
O segundo foi ainda melhor. Às 8 e meia, como combinado, encontraram-se novamente para um encontro que não tinha hora pra acabar. Aliás, só acabou no outro dia. Com Roberto servindo um caprichado e gostoso café da manhã para Débora, ainda na cama, ainda em êxtase pela maravilhosa noite de amor que tiveram. Ela não acreditava que tudo aquilo estava acontecendo. Acreditava estar enlouquecendo. Ela em sã consciência jamais faria isso tudo. Mas fez. E foi feliz. E assim eles iniciaram um relacionamento duradouro, que fez com que um fosse adquirindo um pouco mais da personalidade do outro.Com o tempo ela continuou a adicionar um pouco de maluquice em sua vida e Roberto passou a ser um pouco mais centrado, mais concentrado, o que foi ótimo para seus negócios. Eles passaram a se completar.
Casaram, foram morar juntos, passaram até a urinar de porta aberta sem problema, a intimidade estava completamente estabelecida. Mas um dia, tudo mudou. Um dia a porta ia ser batida com tanta raiva que o prédio inteiro assustar-se-ia. Um dia tudo acabaria!
Era domingo, estavam ambos em casa sozinhos. Almoçaram e deitaram-se na rede para descansar. E entre os assuntos que deram as caras um não era pra ter aparecido, pois foi o que gerou a revolução: filhos. Ela disse a ele que já estava na hora de terem o primeiro. Ele concordou, após uma pausa reflexiva, é lógico. E começaram a liberar suas imaginações em função desse baby. Pensaram nomes, pensaram quem seriam os padrinhos, pensaram como ia ser a festa de  1 aninho, pensaram como ia ser a casa depois do nascimento do filho. E aí a confusão foi formada. Chegaram a conclusão que a casa teria de ser mudada para receber a criança, precisariam de mais espaço, precisariam livrar-se de coisas que não usavam mais. E foi aí que ele sugeriu que eles livrassem-se daquela velha poltrona dela que ela nunca mais utilizou desde que ele e Débora começaram a namorar. Ela disse que não. Que aquela poltrona fazia parte dela. E como a teimosia também fazia parte de Roberto ele bateu o pé dizendo que a poltrona saía, e num acesso de fúria ele lhe perguntou: se é assim, você decide, ou fico eu ou fica a poltrona nessa casa. Ela parou, mirou por alguns instantes suas duas opções, pensando friamente em cada uma delas. Débora amava muito Roberto e mudou muito seu jeito de ser, sua forma de agir, não só pra agradá-lo, mas também por achar que isso podia ajudá-la em sua vida.. Mas deixar ele jogar fora sua poltrona era deixar ele jogar fora o que sobrou da verdadeira Débora. Virou-se firmemente e disse a Roberto: a Poltrona fica.
Nessa hora ele virou as costas e saiu pra nunca mais voltar.


O que faz um relacionamento nascer e amadurecer é o fato de ambos se amarem e irem se moldando um ao outro. Mas o que faz um relacionamento não acabar é o fato de sempre um respeitar o que realmente importa e sempre importou ao outro.
Até!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sobre o Tempo e o Amor

Sabes quanto tempo dura o Serviço Militar Obrigatório no Chipre? 26 meses, exatos 26 meses.

 Mas o que eu ou tu temos a ver com o Chipre? Acho que nada, pelo menos não imagino nenhum chipriano(?) lendo meu blog. O que me chama a atenção na frase acima é o tempo, são os 26 meses. Esse é exatamente o tempo que eu e a Luiza estamos namorando. Quer dizer, exatamente, exatamente, não! Explico! Eu sou um bom moço, até tento ser romântico algumas vezes, mas cometi uma falha grande,muito grande no início de nossa relação: eu não a pedi em namoro. Nossa história foi sendo escrita com tanta leveza e carinho que fomos deixando tudo acontecer naturalmente, sem nenhum tipo de pressão. Os dias foram passando, fomos nos apaixonando e quando vimos já estávamos namorando. Eu já frequentava a casa da vó dela, ela já ia almoçar lá em casa, enfim, já éramos namorados, mesmo sem eu tê-la pedido em namoro. E um belo dia, sentados no sofá lá de casa, chegamos a conclusão de que precisávamos de uma data para celebrar nossa relação. E aí fomos olhar pra trás e ver um dia em que pudéssemos declará-lo como marco do início de nossa relação. Chegamos a duas opções. O dia em que por sms eu chamei-a de minha namorada, ou então um dia em que, quando questionado por um professor meu se aquela linda menina que estava comigo era minha namorada eu respondi, meio nervoso, que sim. Pois bem, após escolhida a segunda opção, fomos tentar lembrar exatamente que dia tinha sido isso e chegamos a conclusão que era em 4 de fevereiro de 2009. E essa é a nossa data oficial. Porém depois percebemos que o dia correto era 3 de fevereiro, mas aí já tínhamos celebrado o 1º mês e não valia mais a pena trocar!
Até hoje sou cobrado por não tê-la pedido em namoro. Ela brinca com a situação, mas sei que no fundo ela nutre até um medinho que eu acabe não a pedindo em casamento também! Mas esse pedido com certeza eu farei! Se pudesse já o faria hoje, mas nem sempre as coisas andam na velocidade que desejamos. Até casarmos ainda irão passar mais um bom número de meses, pois pelo menos a minha Faculdade tem que ser concluída antes disso, né! 
Mas o tempo é um detalhe quando falamos de amor. Ele passa e não o percebemos. Se passaram 26 meses de namoro, mas mesmo assim a cada vez que a encontro ainda sinto o coração bater mais forte! Agora então que moramos a vááááááááários quilômetros de distância cada reencontro é como se fosse o nosso primeiro encontro. A emoção é muito semelhante. Mas mesmo no ano passado, quando morávamos juntos, não existia melhor lugar para se estar do que deitado em seu colo recebendo um cafuné bem gostoso após uma maratona de aulas e plantões. E é assim quando amamos. Não vemos o tempo passar. Desde que conheci a Lu a minha vida mudou bastante. Fui apresentado a novas situações e experiências. E ela fez parte de tudo isso. Ela foi parte de tudo isso!
Amar é isso. Não é igualar sua vida com a da outra pessoa. Ela não tem que fazer tudo que tu fazes, pensar tudo que pensas, acreditar em tudo que acreditas. Aliás, ela não deve fazer isso. Mas ela tem que ser parte do teu mundo. Lembras das aulas de Matemática sobre União e Intersecção? Pois é. Quando duas pessoas se relacionam é um pouco parecido. No começo são apenas a união de duas pessoas, carregadas de suas individualidades. Mas, lentamente, os círculos pessoais de caráter e personalidade começam a se entrelaçar, se interseccionando. E conforme o amor vai crescendo esses círculos vão ficando cada vez mais interseccionados, com um fazendo parte do mundo do outro. O amor é assim, uma grade intersecção entre as pessoas, porém com cada uma mantendo uma parte individual de seu círculo. E o amor respeita isso. Respeita o seu namorado passar uma noite jogando bola com os amigos. Respeita sua namorada fazer uma janta com o clube da Luluzinha e falar mal de todos os homens do Universo. Quer dizer, quase todos. Nunca elas falam mal do Brad Pitt, apenas se perguntam: o que a Angelina Jolie tem que eu não tenho? 
Foram-se 26 meses. Logo comemoraremos os 26 anos de casados e nem teremos visto o tempo passar, nem teremos notado nossa vida mudar, porque o que importa, o que realmente importa é que o amor ainda será a intersecção de nossos mundos!
Te amo muito, Luiza! Brigado por me fazer tão feliz!
Um abraço a todos!
Até!

domingo, 3 de abril de 2011

Amor Infantil, Porém Eterno

Comecei a escrever esse texto ontem, no meio da madrugada, quando o sono que tinha ameaçado aparecer resolveu me abandonar, deixando-me acordado, deitado na cama, sem conseguir dormir, mas também sem muito ânimo para fazer algo que envolva qualquer tipo de esforço físico. O cansaço da semana aparece no sábado, é sempre assim! Bons tempos aqueles de quando jovem, nos meus 16,17 anos onde podia ir a aula, jogar várias partidas de futebol, sair à noite e no outro dia ainda estar com um pique de quem bebeu um fardo de energético, 4 térmicas de mate e mais 27 taças de café.
E como andava sendo criticado porque não escrevia mais no blog resolvi ocupar esse tempo vago escrevendo um pouco. Algumas vezes eu escrevo aqui sobre situações isoladas, que acontecem em determinado dia, determinado momento. Mas hoje vou escrever sobre algo que faz parte da minha rotina diária, algo pelo que sou totalmente apaixonado, algo que me faz muito feliz. Perdoa-me amor, mas dessa vez não estou falando sobre ti, embora tu te encaixes perfeitamente nessa descrição. Dessa vez estou falando da Medicina.
No cursinho eu tinha vários colegas e amigos que desejavam cursar Medicina. Cada um tinha seus motivos, seus sonhos, suas angústias, Uns eram filhos de médicos e que, por um pouco de pressão dos pais ou pelo ambiente em que viviam, decidiram por seguir essa carreira. Outros olhavam com olhos ambiciosos para um possível futuro financeiramente vantajoso. Ainda haviam os românticos que apenas queriam tornar-se médicos para salvar vidas e ajudar pessoas.
Bem, eu era um indeciso entre eles. Nunca soube exatamente porque quis fazer Medicina. Mas sempre soube que meu único caminho profissional na vida era ser médico. Não me recordo exatamente qual foi o primeiro dia em que me imaginei com o jaleco branco e o estetoscópio pendurado no pescoço, mas com certeza foi muito cedo, pois desde que a memória me permite lembrar eu me vi como médico.
Uma peculiaridade nessa história toda ocorreu quando eu tinha 12 anos. Em um momento de lazer andando a cavalo acabei sofrendo uma queda e fraturando o ombro. Foram 7 dias internados entre o pré, o trans e o  pós-cirúrgico. E nesse dia vi médicos passando pra lá e pra cá nos corredores. Vi homens mascarados, vestindo roupas verdes em amplas salas bem iluminadas...sim eu estava no Bloco Cirúrgico para a realização da minha cirurgia. E que lugar legal aquele. Gostei tanto que hoje adoro frequentá-lo! Uma tarde inteira lá dentro, auxiliando em cirurgias, com certeza é algo muito divertido dentro das minhas concepções de divertimento. Parando para pensar agora...talvez essa fratura tenha algo a ver com minha inclinação para o lado da Traumatologia e Ortopedia.
Depois dessa fase, passei a me interessar ainda mais pelos assuntos médicos. A minha mãe fazia uma coleção, dessas que vem encartadas em jornais, sobre Medicina. Tenho até hoje ela guardada em meu quarto.Lá estavam reunidas informações bem legais sobre as principais doenças, sobre anatomia, sobre história da Medicina. Lembro de passar horas lendo rapidamente várias páginas querendo saber cada vez mais. Não entendia mais da metade do que lia, mas saber que estava lendo sobre Medicina já me animava. Ano passado fui dar uma olhada naquela coleção. Até que tem algumas coisas interessantes, mas boa parte refere-se a um conhecimento que ficou no passado, pois não é mais válido! E isso é bem comum nessa área. Afirmações que antes eram dadas como certezas absolutas hoje podem configurar grave erro médico. A evolução e a descoberta de novos conhecimentos é rápida e constante. E precisamos estar atentos a isso.
A Medicina, depois de entrarmos na Faculdade, ganha outros olhos. Muito observadores, muito críticos, muito curiosos. As aulas de Anatomia são instigantes. Tudo aquilo faz parte do Corpo Humano? E isso funciona direitinho mesmo? O Armandinho diz que Deus estava namorando quando criou a sua musa. Eu só não digo que Ele estava fazendo amor quando teve a idéia de criar o ser humano porque seria um pecado muito grande. Mas deveria ser algo bem parecido, sabe!
Depois da parte chata, com apenas aulas teóricas e muito pouca prática médica, chegamos aos belos dias de contato diário com o paciente. E lá a Medicina passa a fazer muito mais sentido. Passamos a ver que os pacientes não sofrem apenas de determinada patologia, ele sofre com essa determinada patologia. E isso é muito diferente. Para cada um a doença tem um significado diferente. E entender isso é uma função primordial de quem os atende!
A rotina diária do Hospital nos faz ver que a vida realmente tem fim para todos. E embora entremos na Faculdade pensando em salvar vidas nos deparamos com nossa impotência perante a ela. podemos tentar todas as terapias já criadas, podemos usar todos os medicamentos disponíveis, podemos rezar pra todos os santos e santas, mesmo assim um dia nossos pacientes irão morrer.
E por falar em santos aproveito para abordar um outro aspecto dessa trabalhosa, porém linda oportunidade de ser útil à várias pessoas que é escolher Medicina como estilo de vida. Os primeiros tratamentos com certeza utilizaram a religião, ou pelo menos a crença em Deuses, Mitos e Lendas, como base. Porém, com o passar do tempo e com as descobertas científicas, a Medicina afastou-se bastante dos assuntos religiosos e espirituais, passando a ser uma ciência baseada especificamente em estudos e resultados, não tendo praticamente nenhum espaço para fé em algo que não tenha um estudo duplo cego randomizado e publicado no New England Journal of Medicine! Mas confesso que toda vez que entro no Bloco Cirúrgico rezo um Pai-Nosso pedindo que Jesus guie minhas mãos e minhas atitudes para que o melhor seja feito pelo paciente!
Bem, passado o momento "sim, eu assumo que peço ajuda a Deus pois tenho certeza que não sou capaz de fazer nada nessa vida sem ajuda Dele", volto a falar sobre a Faculdade de Medicina. Nela encontramos todos os tipos de professores. Os ótimos, os bons, os regulares, os ruins e aqueles que estão lá por algum motivo que eu ainda não consegui descobrir. Com eles aprendemos várias coisas. E uma das principais é que existe a famosa relação médico-paciente. Sim, aprendemos que ela existe, mas não aprendemos como fazê-la, pois isso vai depender da personalidade de cada um. Lógico que existe uma base técnica que devemos respeitar, mas o diferencial mesmo depende de cada um. A relação médico-paciente nada mais é do que aquele estalo que te dá quando consultas um médico e pensas: "tá aí, gostei desse cara, gostei do jeito que ele me atendeu". Esse é o sinal de que ela foi firmada. Isso pode acontecer nos primeiros minutos de consulta, assim como pode levar vários retornos até que ela seja realmente firmada. E essa é uma parte fundamental da Medicina.
Conforme o tempo for passando, e a Faculdade seguir seu curso final(faltam menos de 2 anos para acabar) vou redescobrindo novas coisas e postando aqui! Posso dizer que depois desses pouco mais de 4 anos de Medicina sou um cara muito mais feliz e realizado por um sonho de criança ter virado uma realidade tão encantadora, embora esta me faça tomar bem mais que 27 taças de café em época de prova!
Até!!!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Maluco Beleza

Bem, atendendo a um número gigantesco de pedidos, mais precisamente 1, da minha excelentíssima namorada-quase esposa, Luiza de Marco, volto a escrever neste blog. Pelo menos foi um pedido especial, de uma pessoa com grande importância para mim. E com ela eu tento ser tipo Capitão Nascimento, "missão dada é missão cumprida"!
Ela já estava até começando a gozar da minha cara, dizendo que o nome do blog tinha que mudar de "na caída do sol" para "na caída do esquecimento"! Tá bem, vou aceitar na boa essa flauta!
Bem, desde o último post milhares de acontecimentos sacudiram o mundo. Literalmente. O japão chora a morte de mais de 20000 pessoas após terremotos e tsunami. Sem contar a poluição radioativa que avança sobre todo o país, causando preocupação mundial. Na Líbia um ditador se acha mais poderoso que Deus, ou seja lá como é chamado o ser superior por lá. Mas com certeza Gadafi ou Kadafi, como queiram, não é o seu nome. Por aqui, ontem ocorreu a morte de José Alencar. Sim, ele é mortal, como todos nós. Mas com certeza ele guardava um pedacinho da Pedra Filosofal com ele. Se existe um Santo que abençoava ele com certeza era a Nossa Senhora do Chuveiro Elétrico, pois sobrava resistência pra ele! Nossa...piadinha infame essa.
Bem, mas hoje quero falar sobre outra situação. Falar sobre um assunto muito instigante, falar sobre a mente humana! A la pucha! Fui fundo nessa! Mente humana? De onde surge essa idéia? Explico. estou no 9º semestre da Faculdade de Medicina da UFPel e nesse período fazemos um estágio no Hospital Espírita de Pelotas, o famoso HEP. Três vezes por semana temos atividades naquele local. E entre essas atividades estão inclusas conversas com os pacientes lá internados.
Confesso que de início essa idéia me pareceu bem sem graça. Não tive muito prazer em saber dessas atividades. Mas após o primeiro "tour" pelo Hospital e após os primeiros contatos, visuais e físicos, com os pacientes comecei a me interessar pelos períodos no HEP. E explico o porque.
Todos nós nos achamos muito normais, muito lúcidos, pois temos consciência, conhecemos as coisas do mundo, sabemos como as coisas funcionam, afinal, nós vivemos a realidade. Não fazemos parte de nenhum filme de James Cameron. E aqueles que estão lá internados são loucos porque acreditam em fantasias, em animais que não existem, em histórias que jamais poderiam ser verdades. Mas aí vem uma surpresa. Tudo isso que nós rotulamos como loucura, para uma mente com alguma patologia é a mais pura e verdadeira realidade. Aquele bicho que ele sente caminhar pelo corpo gera a mesma reação que tu sentes quando há um mosquito em sua perna, por exemplo. É real pra ti, não é? Pra ele também.
E conforme nós vamos estudando as doenças mentais, conhecendo seus sintomas, conversando com os pacientes, vamos também passando a entender um pouquinho mais sobre a mente humana e aí descobrimos que não sabemos nada sobre a mente humana. Paradoxal? Bastante, mas é assim mesmo.
Já convivi com pessoas bem depressivas, tive um caso bem próximo, muito próximo a mim e talvez eu nunca tenha sabido compreender verdadeiramente essas pessoas. Por mais que gostasse delas, por mais que as amasse, nunca as entendi verdadeiramente. Mas hoje compreendo que talvez eu tenha sido sempre um pouquinho mente fechada para elas.
De todas as lições que tenho aprendido lá no HEP  a mais importante é a de que as pessoas ditas malucas são as que mais podem nos ensinar sobre lucidez!
Sexta eu volto lá. Tomara que aprenda ainda mais um pouquinho!
Até!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Vergonha

Bem, depois dos vários dias de ausência neste blog volto a postar algumas palavras. Nesse tempo eu voltei às aulas, vi algumas vitórias Xavantes, viajei até a longínqua São Luiz Gonzaga para passar o Carnaval ao lado da minha baixinha amada.
Mas hoje vou falar sobre uma coisa engraçada, porém um tanto quanto constrangedora que ocorreu ontem, no meu primeiro dia de Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia. Eram 8 horas da manhã. Eu estava levemente ansioso, já há algum tempo não realizava uma consulta completa.O pensamento crítico fica um pouco atrofiado após alguns meses de férias! E ainda havia um agravante, eu tinha chegado na quarta de madrugada após uma viagem de ônibus de 11 horas, ou seja, o cansaço ainda era um companheiro fiel do meu corpo. Pois bem, chamei a paciente pro Box onde eu atenderia e iniciei a consulta. Tudo correndo muito bem! Era uma gestante com quase 35 semanas de gestação sem nenhuma intercorrência e que estava realizando o Pré-Natal de forma adequada. Consulta tranquila. Pelo menos era o que eu esperava, né!
Mal sabia que logo mais quem seria o portador de alguma patologia seria eu. Sofreria bastante com a muito famosa, porém pouco estudada, Ostrich Syndrome, que nada mais é do que um jeito afrescalhado de denominar a Síndrome de Avestruz, que consiste numa repentina e enlouquecedora vontade de enfiar a cabeça no primeiro buraco que encontrar. Nos casos mais graves o próprio indivíduo acaba tendo vontade de cavar um enoooooorme buraco. Infelizmente esse foi meu caso.
Depois de uma anamnese boa, com informações bem importantes sendo colhidas, parti pro Exame Físico, que, entre outros inúmeros procedimentos, inclui a medição dos BCFs, os Batimentos Cardíacos Fetais. Para  realizá-la, usa-se normalmente um aparelho denominado "Sonar", que, para sensibilizar seu uso, torna necessário o uso de um gel, assim como na Ecografia. Pois bem, o gel em questão estava armazenado em um recipiente bem semelhante a esses tubos de maionese das lancherias. Lá estava eu, já bem tranquilo após quase uma hora de conversa com a paciente, preparado para aplicar o gel em sua barriga. Pois bem, foi o que fiz...apertei o tubo e nessa hora a tragédia aconteceu: a tampa como se fosse um foguete da NASA ejetou-se e voou gel para tudo que é lado...na roupa da paciente, na maca, no lençol, no chão, mas pelo menos caiu também na barriga dela! Instantaneamente a Ostrich Syndrome tomou conta de mim, mas ao mesmo tempo a delicada gestante olhou pra mim, começou a gargalhar e dizer que não tinha problema algum aquilo ter acontecido.Ufa! Foi um alívio, embora não tenha sido a cura da minha patologia, mas pelo menos deu uma aliviada no sofrimento. A cura definitiva veio após o fim do exame e da consulta quando pedi a ela que marcasse o seu retorno e ela perguntou se poderia ser novamente comigo! A relação médico-paciente estava humoristicamente conquistada!

Vida de estudante de Medicina tem dessas coisas...sempre tem uma história de tragicomédia para contar!
Até!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Atropelando o Respeito

Fazia tempo que eu não deixava algumas palavras por aqui! Esta última semana foi um pouco diferente, mais animada, mais agitada, mais apaixonada! Por isso acabei me ausentando um pouco deste espaço, mas vou tentar ser mais assíduo!
Hoje teoricamente recomeçam minhas aulas na Faculdade. Teoricamente porque são 1 da tarde e não tive nenhuma atividade pela manhã e muito provavelmente não terei também nenhuma à tarde! Essa falta de organização às vezes me irrita! Bem, a volta às atividades da Faculdade é sempre um período crítico para os meus blogs! Eles sempre são abandonados, deixados de lado, quando as aulas voltam ao normal! Mas desta vez eu o criei querendo mantê-lo vivo por mais tempo! Até o nome do site - na caída do sol - foi escolhido em função disso. Minha idéia era manter a rotina de escrever sempre a tardinha quando chegasse em casa, mas essa meta já foi descumprida!

Mas vamos ao que interessa. O papo hoje é sobre um triste atropelamento que ocorreu  no final da última semana em Porto Alegre! 
Na China as bicicletas tem dificuldade de locomoverem-se nas grandes cidades! Quando um ciclista pretende passar entre os carros, ele espera até que outros ciclistas juntem-se a ele e então, em bloco, conseguem mover-se com maior facilidade e segurança em um trânsito um tanto quanto caótico. Essa atitude é referida como Massa Crítica. Há alguns anos está em crescimento, mundialmente, um movimento que tem o mesmo nome e que prega um maior uso de meios de transporte mias leves e não poluentes, como bicicletas, skates, patins, etc. Para chamar a atenção da população em geral para seu movimento, eles realizam passeios, normalmente ciclísticos em ruas centrais das cidades. Isso ocorre no Brasil, nos EUA, na Europa,enfim, em boa parte do mundo. Pois bem, foi realizado também em Porto Alegre! Cerca de 100 ciclistas faziam seu protesto, seu movimento quando um motorista acelerou seu carro na direção destes e atropelou-os (assista o vídeo). Desde então muito vem sendo discutido sobre o assunto. E eu me atrevo a ser mais um a falar, ou melhor, escrever sobre esse fato!

Nada, nada, nada justifica o que o motorista fez. Atropelar, de propósito, dezenas de pessoas é uma atitude que merece meu repúdio e que com certeza merece ser muito bem investigada e também merece ser julgada por um Juiz com seu notável saber jurídico ou então por uma pequena parcela da população, um Júri Popular, caso ele seja indiciado por homicídio doloso. Seria inadmissível que esse cidadão saísse impune dessa agressão covarde. Seu advogado argumenta que ele reagiu em função do medo de ser linchado, pois haviam vários motoristas atrás dele buzinando, forçando-o a passar. Ele tentou passar, foi impedido e recebeu ofensas e até mesmo agressões a seu carro. Para fugir da situação tentou achar uma brecha, acelerar e seguir em frente. É a defesa, ele tem direito a isso. Mas ele poderia ter agido de outra maneira, com certeza. Há alguns dias eu escrevia sobre o poder que temos de mudar o dia de uma pessoa utilizando atitudes e palavras positivas(um bom dia pra você também). Parece que faltou um pouco disso naquele dia.Cada um brigou pelo seu lado, sem aceitar ceder um pouco, e o que se viu foi uma tragédia de enorme proporção. Por sorte ninguém perdeu a vida. Acho que os anjos da guarda também haviam saído para pedalar um pouco e salvaram muitos naquele acidente.
Muito disso tudo poderia ter sido evitado com simples ações. Por exemplo, qual a necessidade de realmente bloquear uma rua importante da cidade às 6 da tarde de uma sexta-feira, na hora do rush? Se a idéia é mostrar que o ciclismo deve ter espaço entre os carros, o contrário deve valer, ou não? E por que não solicitar auxílio das autoridades para tornar o movimento ainda mais concreto? Agentes de trânsito e policiais dando escolta e facilitando o trânsito de todos, bicicletas, carros, pedestres, seriam fundamentais.
Paciência, palavra que vem em um processo muito rápido de extinção, também faria diferença! Se o motorista acusado e os demais, atrás dele, tivessem esperado um pouco, ou então feito uma rota alternativa, mesmo que perdessem 10, 15  minutos, a situação poderia ser diferente, bem diferente!]
Mas acima de tudo, o que faltou e vem faltando é respeito. Respeito ao pensamento e às angústias alheias. Esse atropelamento nada mais é do que o reflexo do pensamento geral de nossa sociedade. Ou seja, se alguma pessoa atrapalhar o meu caminho eu tiro da frente, independentemente do que isso vai significar para ela, o importante é o meu caminho não ser atrapalhado. Onde será que vamos parar dessa forma?
Após ser revelado o nome do autor desse bárbaro crime, começou uma investigação intensa na internet. Nesse momento o seu nome, seu e-mail, seu facebook são divulgados, retwettados, espalhados pela internet. Com que objetivo? Não deve ser para convidá-lo para passar o Carnaval em Salvador, né? Com certeza ele deve estar sendo xingado, recebendo ameaças de agressão, talvez até de morte, quem sabe até envolvendo seus familiares. Mais uma vez a falta de respeito e a inconsequencia tomam conta do pensamento de inúmeros indivíduos.
Essa história ainda vai ir bem longe! Muito vai ser discutido e debatido. Mas espero, sinceramente, que isso seja feito com respeito e compreensão!
Até!